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28/08/2024 10:01 | NOTÍCIAS

Hospital Bom Samaritano de Maringá realiza cirurgia inédita em gêmeos ainda no útero da mãe

Equipe de sete especialistas em medicina fetal tratou a síndrome de transfusão feto-fetal (STFF), uma condição rara que pode causar graves complicações em gestações gemelares

O Hospital Bom Samaritano, integrante da rede Athena Saúde e referência em Maringá (PR), realizou no dia 14 de agosto um marco inédito: a primeira cirurgia fetal em uma gestante de gêmeos na unidade. Também conhecido como cirurgia intrauterina ou pré-natal, o procedimento é realizado durante a gravidez para tratar ou corrigir problemas detectados nos fetos durante os exames pré-natais.

A paciente, uma jovem de 22 anos de Maringá, descobriu a gravidez de gêmeos no quarto mês, após uma ultrassonografia de rotina. Na ultrassonografia morfológica seguinte, a equipe médica identificou anormalidades na circulação sanguínea dos fetos, diagnosticando uma complicação rara e grave, que pode estar presente gestações gemelares monocoriônicas: a síndrome de transfusão feto-fetal (STFF). 

Essa síndrome ocorre quando os gêmeos compartilham a mesma placenta. Em condições normais, a circulação sanguínea entre os fetos é equilibrada. No entanto, na STFF, há conexões vasculares anômalas entre os bebês, resultando em uma transferência desigual de sangue, o que pode levar a complicações sérias, dependendo da gravidade da síndrome. No caso específico do Hospital Bom Samaritano, mesmo que um dos fetos já tivesse parado de se desenvolver, ele continuava recebendo sangue do outro.

Na prática, um dos fetos, denominado "doador", perde sangue para o outro, resultando em anemia, crescimento restrito e baixo volume de líquido amniótico (oligodrâmnio). O outro feto, o "receptor", recebe excesso de sangue, podendo sofrer sobrecarga cardíaca, excesso de líquido amniótico (polidrâmnio) e crescimento excessivo. Sem tratamento, o risco de óbito de um ou ambos os fetos pode chegar a 90%.

O tratamento recomendado foi a ablação a laser das anastomoses placentárias, um procedimento de alto risco que envolve o uso de laser para selar as conexões vasculares anormais na placenta. "No Brasil, há poucos profissionais capacitados para realizar esse tipo de cirurgia", explica o ginecologista e obstetra Samuel Barbanti, responsável pela coordenação da gestação de alto risco no Hospital Bom Samaritano. "Inserimos uma agulha fina no abdômen da mãe até a veia comunicante entre os fetos. Com o auxílio de ultrassonografia, guiamos o laser para coagular essa veia, interrompendo o fluxo sanguíneo desigual e restabelecendo a circulação independente de cada feto".

A cirurgia foi um sucesso, segundo Barbanti, mas a paciente precisará de acompanhamento contínuo durante a gravidez, considerada de risco, com ultrassonografias frequentes e consultas regulares. "A vida dela e dos bebês segue normalmente, mas monitoraremos o caso com todo o cuidado necessário para garantir que o parto seja sem complicações adicionais", afirma o médico.

O procedimento, que durou 2 horas, contou com o apoio de uma equipe multidisciplinar de sete profissionais, incluindo um anestesista, um enfermeiro, dois médicos especializados em medicina fetal, três obstetras e um técnico em radiologia responsável pela manipulação do laser. Parte da equipe veio de São Paulo (SP) e Vitória (ES) especialmente para a cirurgia.

"Apesar de serem raras, essas complicações devem ser monitoradas de perto. Por isso, é essencial que as gestantes realizem os exames de rotina para identificar precocemente quaisquer condições que possam afetar a saúde dos bebês e da mãe", alerta Samuel Barbanti.

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